Monday, January 12, 2009

Uma verdade mentirosa ou uma mentira verdadeira

Partindo dum principio moral,”…everybody lies…” (toda a gente mente), citado por “Gregory House”, personagem fictícia da serie televisiva ”Dr. House”, começo por pensar qual a necessidade básica de mentir? Talvez seja a necessidade básica de não dizer a verdade, e ao analisar este assunto preciso basicamente de usar as duas opções… sim, porque tudo o que vos falo (escrevo) pode ser ou não verdade, assim como pode ser ou não mentira. Mas chega de confusões, o que é preciso é ordenar critérios e organizar conceitos, para o uso da mentira. Toda a gente mente, e mente com direito a mentir, onde o único peso na balança da moral é a consciência de cada um, ou a falta desta. Mentir é um mal para um bem necessário, é a fuga ao confronto com as responsabilidades da verdade. Imaginem que um homem no leito da sua morte chama a sua mulher para dizer-lhe as suas ultimas palavras e diz, “… toda a minha vida eu te…”, e morre! Mas “eu te”, o quê? Te amei, ou odiei, te respeitei ou traí? Levará este homem uma grande e terrível verdade para a terra dos mortos, ou deixará uma pequena mas feliz mentira entre os vivos? O que será mais doce? Arquitectar uma mentira, trabalhá-la e aplicá-la num golpe teatral perfeito, ou encher-se de coragem e despejar friamente e sem aviso prévio uma verdade? Não quero ser advogado da mentira, mas acho injusto que atribuam uma patologia compulsiva a alguém que mente sistematicamente, e, no entanto, não há ninguém que use como sistema dizer sempre a verdade. Diverte-me imaginar como seria o oposto daquele concurso “Toda a Verdade”, seria “Toda a Mentira” ou “Tudo é Mentira”? Por qual unidade de medida se guiaria o polígrafo para funcionar nesta versão do concurso? Como seria a frase da “voz off”? – É verdade que é mentira, ou simplesmente, - É verdade... (delírios da minha imaginação) … adiante com o que é importante. Não poderia deixar passar o rótulo religioso colado no conceito da mentira, ao dizer que esta é pecado, porquê? Não será mais pecado, trazer à tona a infelicidade exposta pela verdade, do que pairar à nossa volta uma felicidade, ainda que encoberta por uma mentira? Ponham a mão na vossa consciência, avaliem os vossos valores, sintam-se moralmente confortáveis e usem, das duas opções, a que mais vos convém.

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